A apicultura é uma atividade milenar que envolve a criação e manejo de colmeias de abelhas para a produção de mel, cera, própolis, e outros produtos relacionados às abelhas. Essa prática oferece uma série de vantagens que vão muito além dos produtos deliciosos que ela proporciona. Mas, para uma boa produção, é necessário ter os equipamentos e o cercamento de apiários adequado.

A prática é conhecida principalmente pela produção de mel, um alimento naturalmente doce e nutritivo. Além disso, as abelhas também produzem cera, própolis, geleia real e pólen, que têm diversos usos na indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.

O mel é valorizado por suas propriedades medicinais. Ele contém antioxidantes e possui propriedades antibacterianas e anti-inflamatórias, sendo usado para tratar condições como resfriados, tosse e até feridas. Além disso, o própolis é conhecido por suas propriedades antibacterianas e antivirais.

Além disso, as abelhas são fundamentais na polinização de plantas, incluindo muitos alimentos que fazem parte da nossa dieta diária, como frutas, vegetais e grãos. A polinização aumenta a produtividade agrícola e contribui para a diversidade alimentar.

Assim, a apicultura é uma atividade sustentável que requer relativamente poucos recursos. As abelhas coletam néctar das flores, que é transformado em mel, sem a necessidade de grandes áreas de cultivo ou insumos químicos. Ao manter colmeias, os apicultores contribuem para a conservação das populações de abelhas, que possuem um papel essencial na manutenção da biodiversidade global.

A apicultura pode ser uma fonte de renda significativa para produtores locais. A venda de mel e produtos derivados das abelhas pode gerar lucros adicionais para comunidades rurais e pequenos agricultores. Veja abaixo algumas dicas para começar a sua produção:

As diferentes espécies de abelhas

As abelhas, apesar de sua aparente simplicidade, constituem um grupo diversificado com várias espécies, cada uma com características específicas. Compreender a fundo o formato das organizações sociais das abelhas é fundamental para escolher o melhor tipo para a criação, uma vez que diferentes espécies têm diferentes necessidades e capacidades. 

O Brasil, por exemplo, abriga uma rica diversidade de espécies de abelhas, muitas das quais são nativas e alvo da criação e da apicultura.

Confira algumas espécies mais comuns para a apicultura:

Abelhas Apis

 As abelhas do gênero Apis são as mais conhecidas e amplamente criadas em todo o mundo. As espécies mais comuns incluem a Apis mellifera (abelha europeia), a Apis cerana (abelha asiática) e a Apis dorsata (abelha gigante). Essas abelhas são valorizadas pela produção de mel e outros produtos, como cera e própolis. São altamente sociais, vivendo em colônias que podem conter milhares de indivíduos. A estrutura social das abelhas Apis inclui uma rainha, zangões e abelhas operárias, cada uma com funções específicas.

É uma das espécies mais amplamente criadas e estudadas em todo o mundo devido à sua capacidade de produzir diversos produtos valiosos, principalmente mel, mas também cera, própolis, geleia real e pólen. As abelhas Apis produzem bastante mel, o que é ótimo para quem está procurando uma criação de larga escala.

Melipona spp. (Abelhas Nativas Sem Ferrão)

O Brasil possui uma grande variedade de abelhas nativas sem ferrão pertencentes ao gênero Melipona. Essas abelhas são altamente especializadas em polinizar plantas locais e, portanto, são muito importantes para a biodiversidade e a produção de frutas e sementes. O que as torna ainda mais notáveis é o fato de não possuírem ferrão, fazendo-as menos agressivas e, consequentemente, mais adequadas para a criação em áreas urbanas e rurais. Cada espécie de Melipona apresenta características únicas, contribuindo para a riqueza da apicultura brasileira e oferecendo uma gama diversificada de mel, com sabores que encantam os paladares e se conectam profundamente com a cultura local.

Uma das espécies mais conhecidas de Melipona no Brasil é a “Jataí” (Melipona subnitida). As abelhas Jataí são pequenas e sociais, formando colônias compactas e bem organizadas. Elas são especialistas na polinização de uma variedade de plantas, incluindo algumas espécies de orquídeas. O mel produzido por essas abelhas é suave, com um toque de acidez, e é muito apreciado por seu sabor único.

Outra espécie notável é a “Mandaçaia” (Melipona quadrifasciata), que é encontrada em várias regiões do Brasil. As colônias de Mandaçaia são maiores em comparação com outras espécies de Melipona, e suas abelhas são reconhecidas por seu comportamento pacífico. O mel produzido por essas abelhas é de alta qualidade, com um sabor agradável e aromático.

A “Uruçu” (Melipona scutellaris) é outra espécie diferenciada e tem um papel importante na polinização de árvores frutíferas, como o cajueiro e a mangueira. Suas colônias são igualmente organizadas e eficientes na produção de mel, que tem um sabor único e uma coloração clara.

A criação de abelhas do gênero Melipona oferece inúmeras vantagens. Além de produzirem mel de alta qualidade, essas abelhas desempenham um papel crucial na preservação da biodiversidade, contribuindo para a polinização de plantas nativas. Sua docilidade também as torna ideais para apicultores iniciantes e para aqueles que desejam criar abelhas em áreas urbanas ou com restrições de espaço.

Tetragonisca spp. (Abelhas Nativas Sem Ferrão) 

Outro grupo de abelhas nativas sem ferrão no Brasil pertence ao gênero Tetragonisca. Assim como as Meliponas, essas abelhas são extremamente necessárias na polinização de plantas nativas e na produção de mel diferenciado. Elas também são apreciadas por sua docilidade e facilidade de manejo, o que as torna uma excelente opção para pequenos produtores e entusiastas da apicultura.

As abelhas do gênero Tetragonisca, conhecidas popularmente como “Mandas”, “Iraís”, ou “Mirins”, são conhecidas por sua capacidade de se adaptar a diferentes ambientes e ecossistemas do Brasil, desde as regiões tropicais até as subtropicais. Elas formam colônias compactas e bem organizadas, geralmente com algumas centenas a poucos milhares de indivíduos, e suas colmeias podem ser encontradas em cavidades de árvores, buracos em paredes e até mesmo em telhados.

Uma das características marcantes das Tetragonisca spp. é seu pequeno tamanho, o que as torna ainda mais dóceis em comparação com outras espécies de abelhas. Elas raramente picam, o que as torna ideais para a criação e observação de perto, inclusive por crianças. Além disso, sua produção de mel é apreciada por seu sabor único e de fácil extração.

O mel das Tetragonisca spp. é conhecido por seu sabor suave e delicado, frequentemente com notas florais e um tom claro. Devido à menor quantidade de mel produzida em comparação com as abelhas Apis mellifera, o mel das Tetragonisca spp. é muitas vezes chamado de “mel de jataí” ou “mel de mirim”. Sua textura fina e sabor suave o tornam uma iguaria apreciada por muitos apreciadores de mel.

A criação de abelhas do gênero Tetragonisca é uma excelente opção para aqueles que desejam ingressar na apicultura de forma tranquila, sem as preocupações com ferrões e com a possibilidade de interação direta com as abelhas. Além disso, seu papel na polinização de plantas nativas contribui para a conservação da biodiversidade e para a produção de frutas e sementes em ecossistemas diversos.

Materiais básicos para apicultores iniciantes

Para começar a trabalhar com apicultura, é essencial adquirir os materiais básicos necessários para a criação e o manejo das abelhas. Aqui estão os materiais essenciais que você precisará:

Colmeias

As colmeias são as estruturas onde as abelhas vivem e produzem mel. Existem vários tipos de colmeias disponíveis, como a Langstroth, a Dadant, a Top Bar e as colmeias específicas para abelhas nativas sem ferrão, como as Meliponas e Tetragonisca. Escolha o tipo de colmeia adequado às abelhas que deseja criar.

Para um apicultor iniciante, é recomendado adquirir colmeias prontas, já que a sua fabricação é complexa e exige bastante conhecimento relacionado a cada espécie de abelha.

Caixas de ninho e supers

Dentro da colmeia, você precisa de caixas de ninho e supers (ou caixas de mel) para acomodar as abelhas e os quadros de criação de abelhas, mel e pólen. As caixas de ninho são onde a rainha põe seus ovos, e as supers são usadas para armazenar mel e pólen.

Quadros

Os quadros são estruturas que se encaixam nas caixas de ninho e supers, onde as abelhas constroem favos para criar abelhas jovens, armazenar mel e pólen. Eles podem ser móveis (no caso das colmeias Langstroth e Dadant) ou fixos (nas colmeias de abelhas nativas).

Em alguns quadros, é preciso colocar arame para a fixação da cera. Nós recomendamos o uso do Arame Guará Galvanizado, fabricado em aço carbono, trefilado e galvanizado a quente por imersão, oferecendo versatilidade, resistência e durabilidade. Clique aqui para ver como prender o arame ao quadro.

Véu de apicultor

O véu é um acessório de proteção fundamental para o apicultor. Ele é usado para cobrir o rosto e o pescoço, protegendo contra picadas de abelhas durante o manejo das colmeias. As abelhas podem se sentir ameaçadas quando a colmeia é aberta e podem reagir picando para defender sua casa. O véu impede que as abelhas entrem em contato direto com a pele do rosto e evita picadas dolorosas.

O véu também ajuda a manter a calma das abelhas durante o manejo. Quando as abelhas percebem que não podem acessar o rosto do apicultor, elas tendem a ficar menos agitadas e agressivas. Isso torna o trabalho no apiário mais seguro e tranquilo.

Tela de transporte

A tela de transporte é um componente importante para movimentar as colmeias com segurança. Ela é usada para cobrir as aberturas da colmeia durante o transporte, evitando que as abelhas saiam durante o trajeto. Isso ajuda a evitar acidentes e mantém as abelhas confinadas.

Você pode comprá-la pronta ou fabricar a sua própria tela. Para a fabricação, recomendamos a Tela Guará Mosquiteiro, fabricada com polietileno de alta densidade e proteção contra os raios UV e antigranizo, além de possuir extremidades com bordas reforçadas. Veja aqui como montar a sua.

Fumegador

O fumegador é uma ferramenta usada para liberar fumaça na colmeia antes de inspecioná-la. A fumaça acalma as abelhas e as faz se alimentar, tornando-as menos propensas a picar.

A fumaça mascara os feromônios de alarme emitidos pelas abelhas, tornando-os menos detectáveis para as companheiras. Isso impede que as abelhas se organizem em uma resposta defensiva coordenada.

Cercamento do apiário

O cercamento de  apiários é uma prática essencial para garantir a segurança de pessoas e animais, bem como para proteger as próprias abelhas e suas colmeias.

A principal razão para cercar um apiário é garantir a segurança das pessoas que vivem ou frequentam a área circundante. As abelhas podem ser agressivas quando sentem que a colmeia está sob ameaça, e suas picadas podem causar reações alérgicas em algumas pessoas. Ao cercar o apiário, reduz-se o risco de encontros acidentais entre humanos e abelhas, protegendo a saúde e a segurança das pessoas.

O cercamento também é importante para proteger animais domésticos e selvagens que possam se aproximar das colmeias. Curiosos ou inadvertidos, os animais podem perturbar as colmeias e, em resposta, as abelhas podem atacá-los. Isso não apenas coloca os animais em perigo, mas também pode resultar na destruição das colmeias.

Outro fator importante é que a presença de um cercamento dificulta o acesso não autorizado às colmeias, ajudando a prevenir roubos e atos de vandalismo. Colmeias e produtos apícolas têm valor econômico, e o cercamento dissuade potenciais infratores.

Para saber como fazer o cercamento adequado, veja o nosso Guia Prático de Montagem de Cercas.